sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Ontem assisti um filme que me fez pensar em como nos acostumamos com as coisas erradas que acontecem; em como nos acostumamos com as cenas de violência cotidiana e assistimos de forma passiva em frente a tv; diariamente nos deparamos com um pedinte na rua, com uma criança nos semáforos, com a prostituição infantil, com a corrupção, com o trabalho infantil, com as filas de hospitais que dobram as esquinas, com pacientes morrendo sem ao menos conseguir dar entrada nos hospitais; são tantos os fatos: são as guerras, o tráfico, os desaparecimentos, a violência, o abandono, a miséria. Até que ponto somos indiferentes a tudo isto? Até que ponto também fotografamos visualmente todos os dias cenas que também nos indignam e não fazemos nada? Será que realmente somos tão diferentes destes repórteres de guerra, que assistem tudo e não fazem nada? Pelo menos eles vão lá se arriscam, fotografam tudo e mostram que aquilo existe sim, que acontece, mesmo que numa realidade distante. E nós? Fazemos o que quando nos deparamos com cenas tão tristes e fortes quanto estas?

Kevin Carter, quando questionado sobre o que aconteceu com a criança depois da foto, sobre sua atitude com relação aquela situação, caiu em si sobre a dureza da realidade e não aguentou viver com isso, cometendo tempos depois o suicídio. 

Este filme foi baseado em uma história real.

Foto de Kevin Carter


Repórteres de Guerra
Em 1993 uma foto chocou o mundo: mostrava uma criança sudanesa prestes a morrer, curvada, e próximo a ela, um abutre, esperando pacientemente sua presa. A fotografia, batida pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, recebeu um Pullitzer no ano seguinte.  Mas fez surgir também questionamentos sobre a atitude de Carter após a conclusão do trabalho: será que ele deveria ter feito alguma coisa para ajudar a criança? A situação o levou, tempos depois, a cometer suicídio. Ele fazia parte de uma equipe de fotógrafos, composta também por Greg Marinovich, João Silva e Ken Oosterbroek e que ficou conhecida comoThe Bang Bang Club, devido a coragem e ousadia demonstradas na realização de seu trabalho na África do Sul. O grupo cobriu as primeiras eleições livres daquele país, após o fim do regime de Apartheid. O filme, dirigido por Steven Silver é baseado no livro The Bang Bang Club, escrito por Greg e João Silva. Somos apresentados à dura realidade dos fotógrafos que trabalham na zona de guerra, destacando-se a frieza dos profissionais, em alguns momentos, frente às difíceis cenas de violência presenciadas. O longa mostra também a triste situação da população local que conviveu com os conflitos durante muito tempo. Repórteres de Guerra, em alguns momentos, lembra um documentário. Característica bem conveniente, principalmente para as cenas dos conflitos. Ponto positivo para o diretor que já realizou alguns documentários e que foi premiado por seuThe Last Just Man. Enfim, uma boa opção para quem gosta de filmes denúncia, que retratam de maneira convincente a realidade.



Se você ainda não assistiu vale a pena conferir este filme. Veja o trailer.

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